Diversidade e desenvolvimento

Cass Sunstein, em seu livro Republic, cita uma passagem do filósofo John Stuart Mill defendendo o valor de conviver com pessoas diferentes, com modos de pensar e agir diversos daqueles a que estão habituadas, o que permite comparar suas próprias noções e costumes com as de pessoas com histórias e contextos distintos. “É uma das fontes primárias de sucesso.” Se era importante na primeira metade do século XIX, quando Stuart Mill viveu, hoje a diversidade tornou-se essencial.

Uma das razões do sucesso dos Estados Unidos nos séculos XIX e XX foi a atração de gente de todo o mundo. Aproveitaram-se os pontos fortes de cada um e melhoraram-se as características mais fracas. Aplica-se às instituições também. Aquelas em que os integrantes estudaram nas mesmas escolas, têm a mesma origem social, as mesmas preferências tendem a apresentar baixíssima capacidade de inovação e de adaptação aos novos contextos. Se são empresas, correm sérios riscos de desaparecerem rapidamente pela incapacidade de compreenderem e reagirem adequadamente a um mundo que muda tão rápido.

É claro que conviver com o diferente nem sempre é fácil. Há que se exercitar a tolerância e a aceitação. Em muitos lugares, tem aflorado a intransigência. O diferente é tratado com hostilidade, como inimigo. As redes sociais têm sido cenários em que esse tipo de comportamento é levado ao paroxismo. Mas elas são, pelo menos em parte, um reflexo da vida fora delas. A intolerância, a falta de abertura para o diferente é o caminho para o fracasso. Das pessoas, das instituições, das empresas e das nações.

Felizmente, políticas de estímulo à diversidade têm sido cada vez mais comuns. Quanto mais existe integração entre pessoas de diferentes crenças, formações, interesses, gêneros, cor de pele e preferências, tanto maior é a chance de distintas perspectivas se mostrarem, um quadro propício para a criatividade florescer, possibilitando a inovação e a adaptação numa sociedade que se transforma com extraordinária velocidade. Além disso, a convivência e a tolerância com o diferente propicia um mundo mais fraterno e harmônico.

Edilberto Pontes – Vice-Presidente do TCE Ceará