O Legado de um visionário

O Legado de um visionário

Inaldo da Paixão Santos Araújo. Mestre em Contabilidade. Conselheiro-corregedor do Tribunal de Contas do Estado da Bahia. Professor. Escritor.

inaldo_paixao@hotmail.com

Muitos contribuem para o transformar de uma instituição. Afinal, as grandes batalhas não são conquistadas somente por “alexandres”. Contudo sempre há aquele homem que, de forma visionária, marca a história de uma entidade.

Na trajetória secular do Tribunal de Contas do Estado da Bahia (TCE), esse homem é o Conselheiro Adhemar Martins Bento Gomes. Criada em 21/08/1915, em substituição ao Tribunal Administrativo e de Contas e Tribunal de Conflitos, foi indubitavelmente durante as quatro gestões do Cons. Adhemar (1984/1985, 1994/1995, 2000/2001 e 2002/2003), como era carinhosamente conhecido, que a Casa de Auditoria da Bahia abriu suas portas para o mundo e para o futuro.

E foram as visionárias gestões do Cons. Adhemar que possibilitaram o fortalecimento das auditorias; as parcerias com instituições nacionais e internacionais de controle; a criação, de forma pioneira no País, de uma escola de auditoria; a tradução de normas, manuais e guias auditoriais para o português; a internalização do programa de educação continuada para servidores, com cursos de pós-graduação e mestrado; a adoção de normas de auditoria da Organização Internacional de Entidades Fiscalizadoras Superiores (Intosai) e a realização de auditorias operacionais com foco na efetividade pública. Continuar com os feitos do Cons. Adhemar, para com o controle, é tarefa hercúlea para nunca acabar.

Muito aprendi com o Cons. Adhemar, mas, entre tantos ensinamentos, lembro-me da tarde de 02/01/1999, quando observávamos, plangentes, as chamas envolverem a Plataforma 5 onde funcionava (e funciona) a sede do nosso Tribunal.

Frente àquele fatídico espetáculo de horror, disse ao Cons. Adhemar que o fogo estava destruindo o TCE. Ele, com a lhaneza que lhe era peculiar, redarguiu-me: “Não, Inaldo, o fogo não destrói o TCE, pois o TCE somos nós”. Essa frase me fez acreditar que, enquanto existirem homens com ideias e ideais semelhantes às do Cons. Adhemar, o controle público jamais perecerá.

A partir daquela data, as capas dos meus relatórios de auditoria, que sempre enfatizavam a foto do belo prédio concebido pela genialidade do arquiteto Lelé, passaram a destacar a nossa logomarca com seus triângulos nas cores do Estado, na forma de uma balança, representando o equilíbrio da gestão com as duas barras do controle protegendo a coisa pública sem interferências.

O Cons. Adhemar, homem que buscou novos caminhos para a auditoria pública – caminhos que hão de vir –  teve o seu passamento em 12/06/2019, mas suas ideias permanecem e estão acesas como uma chama e, como um farol, seguirão iluminando os caminhos daqueles que trilham o bom controle e combatem o bom combate. Onde quer que esteja, fique em paz, meu amigo, pois eternamente viverá o seu legado de visionário.